Análise: mesmo sem inovações, início de Bento no Cruzeiro é consistente

sábado, 4 de junho de 2016


Por Belo Horizonte

Paulo Bento está perto de completar 20 dias à frente do Cruzeiro e, neste período, o time já apresentou alguns progressos. O técnico português dirigiu a equipe em quatro partidas, com uma vitória, dois empates e uma derrota. O triunfo veio justamente na última partida, na última quarta-feira, diante do Botafogo, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (reveja os melhores momentos no vídeo abaixo). O 1 a 0 sobre os cariocas foi merecido, num jogo em que o Cruzeiro teve amplo domínio no primeiro tempo, apesar do aperto que passou no segundo.

Para o comentarista do SporTV, Henrique Fernandes, as mudanças mais perceptíveis no time são no esquema tático, que agora conta com um losango no meio de campo.
- No primeiro jogo, com menos tempo de treinamento, Paulo Bento optou por manter a base tática que já vinha sendo utilizada com Geraldo Delamore: o 4-2-3-1. Nos outros três jogos, com alguns (poucos) dias a mais de trabalho e mais confiante, o treinador começou a implantar conceitos de posicionamento no 4-4-2 com um losango no meio-campo, sua marca registrada no Sporting-POR. O esquema ainda está sendo aperfeiçoado, sobretudo com mudança de peças para melhor encaixe, mas tem evoluído, como pudemos ver no primeiro tempo contra o Botafogo. Arrascaeta já foi o meia mais avançado e já atuou pelo lado esquerdo do losango para dar espaço a Robinho como este meia mais a frente. O time já teve Bruno Ramires como meia pelo lado direito do losango, com liberdade para chegar a linha de fundo e no último jogo teve Romero como um meia com maior capacidade de desarme. O que não mudou foi a presença de Henrique como primeiro homem do meio, Bruno Viana como titular absoluto do lado esquerdo da zaga, e Élber como atacante de movimentação, normalmente pelo lado esquerdo (como vimos nos gols contra Botafogo e Figueirense) e até pelo lado direito, como foi contra o América, para explorar a dificuldade de marcação do adversário na esquerda da defesa. É um time que sempre busca a posse de bola e joga com a defesa alta. Tentando sufocar o adversário. Para jogar assim, é importante minimizar os erros técnicos no ataque, para não sofrer com os contragolpes do adversário, grande razão da goleada sofrida para o Santa Cruz.

Apesar de gostar do que tem visto, Henrique Fernandes analisa que não há nenhum tipo de revolução tática imposta por Paulo Bento.O comentarista acredita que o esquema usado pelo português já foi utilizado em outras ocasiões com sucesso, no próprio Cruzeiro.
- As novidades táticas são os conceitos de jogo do próprio Paulo Bento. Outros grandes times foram montados em outros momentos da história com conceitos parecidos e treinadores brasileiros. O próprio Cruzeiro de Cuca em 2010-11, que arrebentou na primeira fase da Libertadores de 2011 tinha estrutura que muitas vezes variava para o losango no meio-campo, otimizando o talento de Montillo e explorando a velocidade de Wallyson, em fase artilheira. A tendência é que, com tempo de treinamento, alguns outros conceitos sejam aplicados. Aí talvez ele traga alguma novidade.
Henrique Fernandes é otimista em relação ao futuro de Paulo Bento no Cruzeiro. O comentarista soma vários fatores para demonstrar sua opinião ao dizer que o treinador europeu está no caminho certo para ter sucesso no futebol brasileiro.
-Tudo ainda é uma incógnita e depende diretamente da adaptação. A questão linguística, naturalmente, é a mais fácil de se superar. O problema é conhecer as peculiaridades dos estádios, times e do calendário brasileiro. Se houver afinação entre a comissão técnica fixa brasileira e a portuguesa, acho que isso vai ser controlado, mesmo sendo a primeira temporada. Eu, particularmente, tenho uma opinião otimista. Acho que Paulo Bento não tem o histórico vasto de grandes trabalhos em grandes equipes, mas tem boa visão de futebol e conseguiu montar um Sporting-POR consistente na única experiência que teve como treinador em clubes. As condições que o Cruzeiro oferece são muito boas, e o elenco tem qualidades e ainda deve ser melhorado pontualmente na janela internacional. Acho que também pesa a favor de Paulo Bento a facilidade que ele tem (reconhecida, inclusive em Portugal), para lidar com jovens jogadores, que é o perfil básico do atual grupo do Cruzeiro. É importante também conquistar a torcida. Pela ideia de jogo de imposição que o português já mostrou que tem, talvez baste uma atuação convincente no Mineirão com vitória sólida para a química acontecer. Quem sabe já no domingo?
Confira os esquemas táticos utilizados por Paulo Bento nas quatro partidas:








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