Reportagens do Superesportes.com.br

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011



www.superesportes.com.br

Com uma grande atuação, o Cruzeiro espantou as chances de queda para a Série B e venceu o Atlético por 6 a 1, nesse domingo, na Arena do Jacaré. A larga vantagem no placar estabeleceu a maior goleada celeste na história de confrontos com o arquirrival.

Em clássicos pelo Campeonato Brasileiro, o maior triunfo do Cruzeiro sobre o Atlético aconteceu em 1967, na Taça Roberto Gomes Pedrosa. Naquele ano, o time celeste goleou o rival por 4 a 0. Evaldo marcou duas vezes, enquanto Natal e Wilson Almeida deram números finais ao placar.

O triunfo deste domingo amplia as goleadas recentes do Cruzeiro sobre o Atlético. Por finais do Campeonato Mineiro em 2008 e 2009, o time celeste fez 5 a 0 sobre os alvinegros. Nas duas temporadas, a Raposa foi campeã mineira.

Desta vez, a goleada cruzeirense foi construída com gols de seis jogadores distintos. O meia Roger abriu o placar e fez assistência para Leandro Guerreiro marcar 2 a 0. Ainda no primeiro tempo, Anselmo Ramon e Fabrício ampliaram a vantagem. Na etapa final, Wellington Paulista e Ortigoza também balançaram as redes.

O jovem goleiro cruzeirense Rafael entrou em campo diante do Atlético com a responsabilidade de substituir um dos maiores ídolos atuais da torcida celeste: o capitão Fábio, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Para tornar a situação ainda mais dramática, o adversário era o maior rival da Raposa e, em caso de tropeço, a equipe poderia terminar o ano rebaixada à Série B.

Mesmo com tamanha responsabilidade, Rafael conseguiu suportar bem a pressão e mostrou segurança sob a meta celeste. Aprovado no teste de fogo, o goleiro vibrou com a goleada histórica pra cima do Galo e reconheceu ter feito a partida mais importante de sua ainda curta carreira.

“Eu ainda sou muito jovem. Estou buscando meu espaço no futebol. Todo jogo em que entro é importante. Preciso sempre mostrar o meu trabalho. Todo jogo é o jogo da minha vida. O que posso dizer, com certeza, é que este foi o jogo em que tive mais responsabilidade. Tinha um peso muito grande pela situação que vivíamos. Tínhamos que ganhar de qualquer jeito”, analisou.

Após a vitória, o jogador destacou a força do grupo celeste, que mesmo desfalcado de três jogadores importantes, Montillo, Fábio e Marquinhos Paraná, conseguiu se impor inapelavelmente sobre o Atlético e impôs duros 6 a 1 no rival.

“Creio que nada acontece por acaso. Fico feliz de saber que o Cruzeiro não tem apenas 11 jogadores. Hoje não estavam jogando os três melhores jogadores, Montillo, Fábio e Paraná. Pudemos mostrar força e quem for entrar vai sempre fazer o melhor. Jogamos bem e poucas bolas chegaram ao meu gol”, comemorou.

Após ajudar a assegurar a permanência do Cruzeiro na Série A do Campeonato Brasileiro, o meia Roger tratou de minimizar os efeitos de possíveis problemas de relacionamento do elenco celeste na má campanha da equipe na competição nacional. Ao longo da temporada, o jogador esteve constantemente envolvido em atritos com o colega Gilberto, que se transferiu para o Vitória em setembro.

“Isso (problemas de relacionamento) não interfere no conjunto. Sempre respeitei ele (Gilberto). Sempre procurei ajudá-lo dentro de campo. Nunca me omiti e deixei de me sacrificar por ele. Tenho certeza de que ele fazia o mesmo por mim. Afinidades pessoais não tem relação com o compromisso profissional. Atribuir isso à campanha ruim é covardia”, garantiu.

O jogador reconheceu que a campanha celeste no Brasileirão deixou a desejar, mas ressaltou que todo clube passa por momentos ruins. Para Roger, houve exagero da imprensa ao analisar a situação da equipe ao longo da temporada.

“Todo clube grande passa por momentos difíceis. O que me deixa chateado são os jornalistas que, nesses momentos, querem arrumar qualquer desculpa para justificar o momento. Inventaram que um não fala com o outro, que um trabalha e o outro não. Isto não é verdade. Uma série de fatores contribuem para uma campanha ruim”, ponderou.

Zezé Perrella deixará a presidência do Cruzeiro no fim deste ano. Em sua despedida do clube, o dirigente comemorou a goleada por 6 a 1 sobre o Atlético, na Arena do Jacaré, e a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro. Agora ele pretende contribuir com a gestão de Gilvan de Pinho Tavares, que será seu sucessor.

“A contribuição maior que eu posso dar é a experiência que adquiri de contatos com grupos de investidores, a credibilidade que o Cruzeiro adquiriu. Já vou começar, desde agora, vou buscar investidores para que a gente possa reforçar o time no ano que vem”, afirmou.

Em sua saída, Perrella relembrou a política que marcou toda sua gestão. “Uma coisa que o torcedor precisa entender é que ninguém vende jogador porque acha bonito. Foi com essa política que conseguimos 24 títulos. Foi com essa política que o Cruzeiro foi eleito o maior clube do século 20. O torcedor não deve interferir nesse tipo de medida. O que pediria ao torcedor é para respeitar o doutor Gilvan, porque futebol é muito difícil. O dirigente passa por todo tipo de sacrifício e merece o mínimo de respeito”, observou.

Alívio

Pressionado pela ameaça de rebaixamento, Zezé Perrella admitiu ter ficado aliviado com a permanência do Cruzeiro na Série A do Campeonato Brasileiro. Para o dirigente, a goleada por 6 a 1 sobre o Atlético marcará positivamente sua despedida. “Alívio até pelo placar. Acho que me despedi em altíssimo estilo. Isso vai ficar na história. Vim para o estádio e encarei. Corri o risco de vir aqui e sair na Segunda Divisão”, comentou.

O atual presidente celeste afirmou que teve certeza de que o Cruzeiro seguiria na elite do futebol nacional ao ter contato com os atletas antes do clássico deste domingo. “Ficamos uma rodada na zona de rebaixamento e a cidade ficou em festa. Cheguei a falar que trocava de nome. Estava muito tranquilo, sabia que não cairíamos. Eu olhei no olhar de cada jogador e tive a certeza de que não cairíamos. Hoje tive a certeza. Sair em alto estilo, acho que Papai do céu foi bom demais para mim”

O técnico do Cruzeiro Vágner Mancini será mantido no cargo para 2012. Pelo menos essa é a intenção do presidente eleito, Gilvan de Pinho Tavares. Depois da goleada por 6 a 1 sobre o Atlético, o novo mandatário assumiu que toda a comissão técnica de Mancini será mantida para a próxima temporada.

Apesar do anúncio do presidente eleito, Mancini desconversou a situação e disse que ainda sentará com a diretoria para conversar.

“Hoje, sinceramente, estávamos totalmente focados no jogo, na permanência na série A. A gente exalta a atuação do torcedor,e depois com calma vamos resolver nossa vida, vamos sentar, bate rum papo. Nesse momento, a gente ainda está vivendo o jogo e eu gostaria de falar somente sobre o jogo”, disse Mancini.

Gilvan Tavares também disse que a partir do dia 15 de dezembro anunciará reforços para o Cruzeiro. Segundo o presidente eleito, o diretor de futebol Dimas Fonseca o pediu para não ficar no cargo na próxima temporada e talvez sua função seja remanejada.

Um dos mais cobrados pela torcida pela má campanha do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro, o diretor de futebol Dimas Fonseca chorou muito depois da goleada histórica sobre o Atlético por 6 a 1.

Da cabine, Dimas vibrou com o apito final, ergueu as mãos aos céus, fez o ‘sinal da cruz’ e depois ficou cerca de três minutos realizando uma oração, aos prantos.

Apesar da emoção com a salvação da Série B, é provável que o diretor de futebol não fique no Cruzeiro na próxima temporada, com a nova diretoria. Durante o semestre, Dimas concedeu algumas entrevistas já em tom de despedida do cargo, deixando no ar que não será o diretor em 2012.


Pressionado pelas chances de rebaixamento, o Cruzeiro recorreu a uma velha tradição para evitar a queda inédita. O time celeste entrou em campo nos últimos cinco jogos sempre vestido de branco. E a superstição acabou em resultados positivos e invencibilidade, finalizada com goleada sobre o Atlético, neste domingo.

Antes de fazer 6 a 1 sobre o arquirrival, o Cruzeiro havia recorrido ao uniforme branco contra Internacional, Avaí, Atlético-PR e Ceará. A equipe celeste venceu o Colorado e empatou com os demais adversários, todos eles também brigando contra o rebaixamento.

A tradição retomada agora surgiu no fim dos anos 80. No Brasileiro de 1987, o clube celeste jogou cinco dos oito jogos decisivos da reta final com a camisa branca e foi obtendo grandes resultados, até classificar-se dramaticamente para a semifinal, contra o Inter. Foram cinco vitórias e três empates.

A classificação, jogando de branco, veio contra o Santos, no Pacaembu. Careca marcou um gol aos 47 minutos do segundo tempo, em posição irregular de impedimento, mas o tento foi validado pela arbitragem.

Na semifinal, o Internacional resolveu acabar com a mística celeste. No primeiro jogo, o Cruzeiro jogou de branco e empatou no Beira-Rio. Na segunda partida, no Mineirão, o Inter só levou para BH seu uniforme branco e 'obrigou' a Raposa a vestir sua camisa tradicional. Resultado: 1 a 0 para o Colorado, classificado para a finalíssima contra o Flamengo.

A goleada de 6 a 1 sobre o arquirrival Atlético assegurou a permanência do Cruzeiro na Série A e em um seleto grupo. O clube celeste é um dos únicos cinco a jamais cair para a Segunda Divisão. Além da Raposa, apenas Internacional, Flamengo, Santos e São Paulo nunca foram rebaixados.

Com a vitória sobre o Atlético, o Cruzeiro chegou a 43 pontos e terminou o Campeonato Brasileiro em 16º lugar. Ceará e Atlético-PR se juntaram a Avaí e América entre os quatro times rebaixados para a Série B do Brasileirão de 2012.

Cruzeiro, Flamengo e Internacional são ainda os únicos clubes sempre presentes na Série A. Apesar de nunca terem sido rebaixados, Santos e São Paulo não disputaram a edição de 1979, por serem contrários ao calendário que foi proposto naquela temporada.

0 comments

Postar um comentário