De "férias", Delamore lança livro, relembra período no Cruzeiro e projeta carreira solo

terça-feira, 1 de novembro de 2016


pois de sete meses no Cruzeiro, o auxiliar-técnico Geraldo Delamore agora aproveita o período sabático para lançar seu livro ‘Virando o jogo – reflexões, conceitos e práticas’ (Appris) e planejar os próximos passos da carreira.

Delamore continua residindo em Belo Horizonte, onde formou-se em Educação Física pela UFMG, em 1986. Ele, aliás, é mineiro de Mariana. Quatro meses depois de deixar a Toca da Raposa, ele faz uma reflexão sobre o último trabalho, quando assumiu a função de assistente técnico permanente do clube. 

O ex-cruzeirense conversou com o Superesportes por telefone. Em um papo de pouco mais de meia hora, demonstrou entusiasmo com a obra recém-lançada, que tem apresentação feita pelo técnico Tite, com quem trabalhou por 13 anos. Também falou sobre a forma com que Paulo Bento trabalhou em Belo Horizonte, criticando a pouca abertura do português. 

“[Delamore] Tem característica pessoal que reputo fundamental na atividade – a inquietude do ‘saber’ – afora a sua lealdade. Fala a sua verdade pela frente, aliás, como ele mesmo diz: ‘é melhor ficar com cara vermelha uma vez do que ficar com ela amarelada por vários dias’, fazendo menção a dizer sempre a sua verdade”, escreve o treinador da Seleção Brasileira, Tite, na abertura de 'Virando o jogo – reflexões, conceitos e práticas'.

O livro faz um apanhado sobre as inquietações de Delamore, abraçando análises de programação de pré-temporada, montagem de elenco, preparação física, abordagens táticas e estratégicas, entre outros conceitos importantes para o mundo da bola.
“Resolvi escrevê-lo por entender que existe pouco material deste tipo produzido dentro da nossa própria cultura, além de que alguns conceitos atuais do nosso futebol precisam ser revisados”, diz Delamore. “O leitor deve lê-lo por ser um livro didático, com informações interessantes e com uma leitura fácil e agradável”, afirma.

Sobre a carreira, Delamore estuda propostas e pretende voltar a trabalhar no início da próxima temporada. “O que busco hoje é dar continuidade à minha carreira de treinador. O mais interessante é iniciar o próximo ano à frente a de um projeto interessante. Enquanto isso, fico aqui em Belo Horizonte. Meu filho está na escola e, por isso, é melhor continuar por aqui”, observou.

Em relação ao período na Toca, Delamore não esconde a frustração por não ter colocado em prática o que foi idealizado. Ele foi anunciado pelo clube em dezembro de 2015 para ocupar a vaga de Deivid, que havia assumido o comando técnico do time, substituindo Mano Menezes. 

Depois da saída de Deivid, o assistente foi o responsável por comandar a equipe em três partidas, até a chegada de Paulo Bento. Geraldo Delamore obteve duas vitórias na Copa do Brasil, contra Campinense e Londrina, além de uma derrota no Brasileirão, diante do Coritiba.
Paulo Bento trouxe sua comissão técnica para o Brasil e acabou afastando os profissionais que estavam no clube. Sérgio Costa (assistente), Ricardo Peres (assistente), Vitor Silvestre (scouting) e Pedro Pereira (preparador físico) formavam o time de portugueses na Toca da Raposa. Delamore ficou sem função na nova comissão técnica.
 
A direção de futebol do Cruzeiro preferiu não propor um engajamento dos profissionais, dando total liberdade para Paulo Bento trabalhar. “A diretoria fez uma aposta em um projeto de trazer um treinador estrangeiro e não quis gerar qualquer tipo de constrangimento a ele. O clube entendeu que faria tudo que fosse necessário para que o projeto desse certo. Acabei ficando deslocado e o melhor era a minha saída”, comentou Delamore, que criticou o comportamento de Paulo Bento.

“Faltou inteligência ao Paulo Bento para se cercar de pessoas que conheciam o clube, os jogadores, o ambiente, o futebol brasileiro. Tudo era novo para ele neste processo. Ele se cercou com os dele e preferiu não integrar o resto da equipe. Talvez, de outra forma, poderia ter sido diferente ”, acrescentou.

Apesar do curto período no clube, Delamore classifica como gratificante sua passagem pelo Cruzeiro. “Eu já estou no futebol há 30 anos. E o futebol funciona assim. As pessoas têm que lidar melhor com as mudanças. Mas não ficou mágoa nenhuma. Foi gratificante e, acima de tudo, fiquei feliz com o grupo de jogadores pela resposta que me deu quando estive no clube e quando assumi o comando do time. Tenho uma gratidão muito grande pela diretoria ter acreditado no meu trabalho, mas, infelizmente, durou pouco tempo”.

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