Macalé se diz marcado e prejudicado até hoje por suposta "festa em Sabará"

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Uma noitada de balada, bebedeira e mulheres. Um grupo de jogadores do Cruzeiro, no início da temporada de 1995, supostamente teria exagerado na farra e acabou se queimando com o então novato presidente do clube, Zezé Perrella. O local da festa seria Sabará, terra do atacante Macalé, que ficou marcado pelo acontecido.

GALERIA DE FOTOS DA CARREIRA DO EX-ATACANTE NO CRUZEIRO

Depois de 17 anos, o ex-jogador falou publicamente sobre o assunto pela primeira vez ao Superesportes e garante que não esteve presente na noite de balada de alguns de seus ex-companheiros de time. Além disso, Macalé afirma que até hoje é lembrado pela suposta “festa em Sabará” e se mostra muito magoado.

“Fiquei chateado e fico até hoje por falarem que eu fiz uma festa em Sabará. Isso me prejudica até hoje. Ficou ruim para a minha imagem e para a minha carreira. Eu poderia jogar só em clubes grandes, mas não foi isso que aconteceu”, afirma o ex-jogador.

Zezé Perrella havia contratado Antônio Lopes para ser o primeiro técnico da sua “era”. A pré-temporada foi marcada para Lagoa da Prata, algo inovador na época. Na véspera do amistoso ante o Ideal, de Ipatinga, a comissão técnica havia liberado os jogadores, que, em parte, exageraram na curtição.

Segundo Macalé, um grupo realmente foi para a balada, mas ele estava ausente e a festa não aconteceu em Sabará. “Não fiz nenhuma festa. Fomos liberados e vim para a casa, em Sabará. Vários jogadores foram aprontar na Arena (boate de Contagem). Chegaram até a bater o carro lá. O flanelinha que estava lá no dia era da minha cidade e me falou depois que poderia até ser testemunha para alguém de que eu não estava presente. Eu nunca fui de freqüentar essas festas, nem em Sabará nem em outra cidade. Sempre preferi ficar mais em casa”, garante.

“Alguém inventou que eu estava no meio. Até hoje não sei quem foi. Quiseram me prejudicar. Depois, não tive nenhuma chance de me defender. Também resolvi parar de dar entrevistas. Eu era sozinho. Não tinha empresário ou assessor, como hoje, todos os jogadores têm. Fazem várias festas por aí e não tem repercussão”, completa.

Depois da “festa”...

O Cruzeiro teve um desempenho ruim no amistoso contra o Ideal, com empate em 1 a 1. A diretoria resolveu afastar cinco jogadores: Cleisson, Webert, Edenilson, Roberto Gaúcho e Macalé. “O mais prejudicado foi eu. Todos foram emprestados pelo clube, mas só eu que sempre ia para clubes pequenos”.

Macalé ficou magoado com determinadas atitudes da diretoria celeste. “Primeiro, fui para o Araçatuba. O Palmeiras, que tinha o Telê Santana como técnico e um timaço, se interessou em mim. O Araçatuba iria me comprar para depois vender para o Palmeiras. O Cruzeiro ficou sabendo do negócio e mandou o empréstimo acabar e eu voltar para Belo Horizonte”.

“Voltei às pressas para Belo Horizonte. Cheguei às 7 horas. O Moraes (diretor de futebol da época) me buscou e levou para a sede. Falou que eu ia ficar no grupo. Só que me mandaram por empréstimo de novo para o Atlético-PR. Foi uma sacanagem. Fiquei quatro meses sem receber. Eu e minha esposa passamos frio. Tivemos que pegar até coberta emprestada. Resolvi ir embora e pegamos um ônibus. Não estava agüentando mais. Depois, fiquei seis meses sem clube”, recorda.
“Naquela época, os salários eram pequenos. Não rolava essa grana toda de atualmente não. Ficávamos a mercê da vontade do clube, pois não tinha muito empresário. Se o clube quisesse fazer um contrato de seis meses, só nos restava aceitar”, completa.

Macalé voltou a ter uma oportunidade no Juventude, de Caxias do Sul, em 1997. A partir daí, já não havia mais vínculo com o Cruzeiro. Mas a mágoa persistiu.

“Fico chateado por tudo que passou. Não merecia isso. A minha dedicação pelo Cruzeiro foi muita. Nunca faltei a um treino. Um dos melhores preparos físicos era meu. Tive muita dedicação e vontade. E para quem era prata da casa, como eu, o contrato era sempre ruim, ao contrário de quem vinha de fora”, relembra.

Sucesso e superação na Alemanha

Depois de jogar do Juventude, Macalé teve sucesso no interior de São Paulo, atuando pelo Mirassol. Em 1999, um empresário apostou nele e o levou para a Alemanha, onde defendeu o FC Berlin.

“Foi muito bom para mim pessoalmente e financeiramente. Eu tinha uma imagem muito diferente de lá. Cheguei e ainda era o único escurinho do time. A torcida era de skin heads e mesmo assim me adoravam. Não sofri nenhum racismo. Culturalmente foi muito bom”, diz.

Macalé ficou no clube até 2003, quando resolveu se aposentar, com uma lesão na cartilagem de um dos joelhos.

Vida hoje, em Sabará

Macalé foi importante na primeira metade dos anos 90 do Cruzeiro. “O título mais importante foi da Supercopa de 1991. Era meu primeiro ano de profissional. Enio Andrade me deu muitas oportunidades. Só tenho a agradecer. Que Deus o tenha, tenho muita saudade dele. E em 1994 fomos campeões invictos do Campeonato Mineiro, com um dos melhores times que o Cruzeiro já teve. Marcou muito”, lembra.

Alexandre Vieira dos Santos, de nascimento, ganhou o apelido por conta do humorista Tião Macalé. “Acho que não tem nada a ver”, afirma. Depois da carreira no Brasil e na Alemanha, mora em Sabará.

Macalé é empresário de jovens jogadores, em parceria com seu antigo companheiro de Cruzeiro e FC Berlin, Daniel Teixeira. Neste ano, o ex-atacante da Raposa pretende ser candidato a vereador, pelo PSDB, em Sabará

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