Vice-campeão brasileiro em 1975, o Cruzeiro se credenciou ao favoritismo na Copa Libertadores de 1976, porém precisou superar a ausência do craque Dirceu Lopes, que não se recuperara de uma lesão no tendão de Aquiles a tempo de disputar o torneio internacional. Sem o segundo maior artilheiro da história da Raposa, com 224 gols em 610 jogos, o técnico Zezé Moreira pediu ao presidente Felício Brandi a contratação de um atleta experiente. O nome encontrado foi de ninguém menos que Jairzinho, artilheiro da Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo de 1970, com sete gols, e não à toa apelidado de “Furacão”. Naquela época, o ponta-direita estava há alguns meses sem clube desde a passagem pelo Olympique de Marselha, da França – foi afastado por indisciplina. Na Toca da Raposa, porém, Jairzinho reencontrou os bons momentos e marcou 12 gols em 12 jogos na competição. Mesmo ausente na finalíssima, em que o Cruzeiro venceu o River Plate da Argentina por 3 a 2, no dia 30 de julho de 1976, no Estádio Nacional de Santiago (Chile), o ex-botafoguense foi protagonista ao lado de Palhinha, Nelinho e Joãozinho.
Quarenta anos depois do primeiro troféu sul-americano vencido pelo Cruzeiro, Jairzinho, recentemente homenageado pela diretoria celeste, comentou o peso do feito que, até então, somente o Santos de Pelé havia alcançado entre os brasileiros.
“O atleta traça um cronograma de vida e sabe que só será reconhecido ganhando títulos. Assim comecei desde minha idade de juvenil até a maioridade. Vim para ser campeão mineiro e da Copa Libertadores. Um ponto importante é que éramos mais amigos fora que dentro de campo. Nos preocupávamos uns com os outros para fortalecer o bom relacionamento. Isso nos deu facilidade de praticar o futebol. Era difícil ver no time do Cruzeiro dessa época um jogador em defasagem e também era difícil de saber quem era o melhor. Todos nós tivemos o mesmo objetivo de levar o Cruzeiro a ser campeão da Copa Libertadores”, disse.
Mas a humildade toma conta do Furacão da Copa de 1970, que fez questão de destacar a participação do contundido Dirceu Lopes como peça-chave para motivar o grupo.
“Uma fatalidade o retirou, mas o Dirceu sempre esteve do nosso lado. Ele, de fato, me ajudou muito a conviver muito com essa família”.
No mesmo tom, Dirceu valorizou a amizade com Jarzinho. Para ele, o ex-ponta-direita teve participação determinante tanto dentro quanto fora de campo para consolidar o Cruzeiro como grande força continental.
“O futebol me proporcionou momentos inesquecíveis. O Jair é um dos maiores tesouros que o futebol me trouxe. Por dois anos ele honrou a família cruzeirense. Veio para me substituir na Copa Libertadores de 1976 e foi tão bem ou até melhor do que eu para ganhar esse título para o Cruzeiro”.
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