Depois de lesões no Cruzeiro, Paulo Bento ataca calendário: 'É preciso criar de maneira diferente'

domingo, 10 de julho de 2016



“Se há pouco tempo para treino, consequentemente haverá falta de qualidade para o espetáculo”. A afirmação do técnico Paulo Bento, dada em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, na Toca da Raposa II, é óbvia, mas parece não entrar na cabeça dos responsáveis pela montagem do calendário do futebol brasileiro – a CBF, no caso. Depois de perder mais dois jogadores por lesão muscular, o português voltou a fazer duras críticas ao volume de jogos em pouco tempo e sentenciou: “É preciso criar 38 semanas de uma maneira diferente”, disse.

“É importante que os treinadores continuem falando, pois, em primeiro lugar, vale mais a saúde do jogador. É o bem mais precioso. O segundo ponto importante é quem organiza o futebol brasileiro compreender este fato. Se não compreender, não conseguirá compreender os fatos seguintes. Se há pouco tempo para treino, consequentemente haverá falta de qualidade para o espetáculo. Os treinadores brasileiros precisam se reunir para tentar alcançar uma proposta para que ela possa ser vista, lida, analisada e que mude alguma situação”, sugeriu o técnico europeu, que está no Brasil desde maio.

As lesões musculares têm tirado o sono de Paulo Bento. Desde o início do ano, já foram pelo menos sete problemas entre os jogadores do Cruzeiro: Mayke, Robinho, Alisson, Marcos Vinícius, Elber, Willian e Alex já frequentaram o departamento médico do clube. Alguns ainda estão em recuperação e outros já estiveram com os profissionais cruzeirenses em mais de uma ocasião.

Depois de mostrar irritação pela quantidade de lesões, o técnico português alertou que esse é um problema vivido por praticamente todos os clubes brasileiros. “O treinador do São Paulo (Edgardo Bauza) está com a mesma situação (jogadores lesionados). Há pouco tempo, vendo jogo na televisão, vi jogador do Palmeiras tendo problemas musculares antes do intervalo. É preciso criar 38 semanas de uma maneira diferente (...) Mais que qualquer outra coisa, o que deve haver é diálogo. Enquanto não tiver esse diálogo para que se apresente um calendário brasileiro com mais vantagens e de maior capacidade de os jogadores mostrarem sua qualidade, creio que continuaremos a ter essa situação”, pontuou.

Quando treinou o Sporting, entre 2005 e 2009, Paulo Bento registrou seu recorde de jogos numa mesma temporada em 2007/08. Na ocasião, seu ex-clube disputou 56 partidas. Nas outras épocas, o número não foi superior a 50: 32 em 2005/2006; 42 em 2006/2007 e 46 em 2008/2009. Em 2016, caso avance à final da Copa do Brasil, o Cruzeiro alcançará 68 jogos, prova de que o calendário brasileiro é bem mais desgastante se comparado ao europeu. 

“Este ano é tudo em curto prazo”

Durante a entrevista que tradicionalmente concede aos jornalistas semanalmente, Paulo Bento também comentou os problemas de um trabalho em curto prazo realizado pelo Cruzeiro. Ele ressaltou a dificuldade de se montar um elenco ao longo da disputa de duas competições.

“Aqui se trabalha em cima de cada dia. Chega um jogador novo, mudamos o objetivo, chegam dois jogadores, voltamos a mudar. Para mim funciona como plano em longo prazo. Uma estrutura, um clube e uma equipe devem funcionar com planos em médio e longo prazo. Este ano é tudo em curto prazo. Jogos em curto prazo, jogadores que chegam em curto prazo. A construção do elenco está sendo feita ao longo da competição, isso não foi feita durante a pré-competição. Falamos em uma competição de quatro meses e em outra de sete meses”, finalizou.

Depois de triunfar diante do Vitória por 2 a 1, na última quarta-feira, no Barradão, pela Copa do Brasil, o Cruzeiro volta suas atenções para o Campeonato Brasileiro. Na próxima segunda-feira, às 20h, o clube recebe o Atlético-PR no Mineirão, em busca da reabilitação no torneio de pontos corridos.

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