Abelardo, o Flecha Azul

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Dotado de grande velocidade, Abelardo possui maior identificação com a equipe do Cruzeiro onde é tido como um dos maiores jogadores que já passaram pelo ataque da equipe.

Abelardo, o Flecha Azul
Texto de Jorge Angrisano Santana | Em 8 de março de 2008
Blog Páginas Heróicas Digitais

Cristiano Otoni-MG, 10nov26

A temporada de 1948 começou com o favorito, Atlético-MG, de Kafunga, Murilo, Zé do Monte e Carlaile, buscando o tricampeonato. O América-MG também queria o título pra sair de uma fila de 23 anos. Adotado pelo milionário Alair Couto, destaque nas colunas sociais da Capital, o Coelho recheou seu time de bons jogadores mineiros, cariocas e até do argentino Valsecchi. Com elencos estelares, os primos ricos do futebol mineiro eram favoritos para a conquista do Estadual.

Ao Cruzeiro, com jogadores recrutados na várzea e nas cidades do interior, estava reservado o papel de coadjuvante. Mas o time surpreendeu conquistando o Torneio Início, primeiro título oficial da temporada. Na final, venceu o alvinegro por 2 x 1, em jogo de 30 minutos, com gols de Abelardo, o artilheiro que substituíra o ídolo Niginho no comando do ataque celeste.

No embalo do título, significativo naqueles tempos, o Cruzeiro liderou os dois primeiros turnos do campeonato. E só saiu da disputa no terceiro, devastado por contusões e pela mala preta com que americanos e atleticanos turbinaram seus adversários. E pela má sorte. Abelardo conta: “No 3º turno, na Alameda, o Atlético saiu na frente com um gol de Carlaile. Viramos o placar com dois gols meus. Mas quando a vitória parecia assegurada, Lucas empatou aos 44 do 2º tempo, após vencer Bené na corrida. Reclamei com nosso beque: dou um duro tremendo pra marcar lá na frente e voicês me deixam escapar a vitória assim, no final? Bené abriu os braços e lamentou: ‘escorreguei numa casaca de banana’. Era verdade.”

Abelardo Dutra Meireles foi o destaque do time do Barro Preto no torneio. Veloz, oportunista, ótimo cabeceador e exímio chutador, não acreditava em bola perdida. Nem deixava zagueiro adversário dormir bem na véspera do jogo. Murilo Silva, o melhor beque da história do Atlético-MG, era um dos que sofriam alucinações antes e durante os jogos, pois sabia que, de um jeito ou de outro, o Flecha Azul deixaria sua marca.

Apesar da boa campanha, o time montado por Niginho com Sinval (Geraldo II), Duque e Bené; Adelino, Ronaldo (Rubens) e Ceci; Helvécio, Nonô (Guerino Isoni), Abelardo, Paulo Florêncio e Sabu, terminou em 3º lugar. Após uma luta fratricida com o Atlético-MG, o América-MG ficou com o título, mas o artilheiro do Mineiro, com 18 gols, foi centroavante celeste.

A vítima preferida de Abelardo era o Atlético-MG. Ele fazia tantos gols na defesa alvinegra, que a torcida cruzeirense passou a ter certeza de que seu artilheiro sempre decidiria o clássico. Na véspera do jogo do returno, em 22 de agosto, o presidente Cunha Lobo traduziu este sentimento em desafio: ”Se você marcar e a gente ganhar, pode escolher o presente.” Abelardo não se fez de rogado: “Quero ir ao Rio assistir Boca e Vasco.”

No domingo, Abelardo fez sua parte: aos 18 do 2º tempo, Sabu cruzou da linha de fundo e ele marcou o único gol do jogo: ”Dominei a bola e pedi ao Kafunga pra escolher o canto, antes de tocar pras redes…” Foi um clássico tão importante que o árbitro, Mario Vianna, o mais famoso do país, veio do Rio. E a renda foi recorde no futebol mineiro até então.

Antônio Cunha Lobo cumpriu a promessa. Mesmo irritando o treinador Niginho, preocupado com o jogo contra o Sete de Setembro, no domingo seguinte, ele viajou com o goleador para a Capital Federal. Mas o Boca não encontrou passagens suficientes no vôo Buenos Aires-Rio e a partida foi adiada.

Abelardo retornou a Belo Horizonte, marcou os gols do empate de 2 x 2 contra o Sete e voltou pra assistir aos 5 x 3 do Boca de Boyé (3 gols) e Geromes (2) contra o Vasco de Maneca (1), Dimas (2), Ademir Menezes, Chico e Ismael Caetano (ex-Cruzeiro). “Boca, River e Vasco eram os melhores times da América do Sul e eu não ia perder aquele jogo de jeito nenhum”, justifica-se Abelardo, ainda hoje. Por causa de histórias como essas, Abelardo ficou marcado como rebelde.

Sua presença bastava para incendiar o clássico. Como na tarde de 23 de fevereiro de 1947: “Quando o jogo era no campo deles, a gente se uniformizava no Barro Preto e subia pra Lourdes acompanhados dos nossos torcedores. Quando era em nosso campo, eles é que vinham com sua torcida. Naquela tarde, porém, chovia tanto que os jogadores do Atlético desistiram do jogo e se dispersaram. Alguns foram ao cinema. Acontece que os torcedores começaram a reclamar e a polícia subiu a Rio Grande do Sul pra buscá-los no Estádio Antônio Carlos. Depois de muita conversa, eles desceram e nós ganhamos de 2 x 0. Gols meus. Num deles, busquei a bola na rede e corri com ela pela lateral da Augusto de Lima, só de provocação. A torcida deles ficou tão furiosa que derrubou parte do muro a pontapés.”

Quem descobriu o Flecha Azul, no Seminário Dom Bosco, em Cachoeira do Campo, foi Alcides Lemos, ponta-esquerda do Palestra e do Cruzeiro nos anos 30 e 40. Abelardo era colega de turma e de futebol de Carlaile e Zé do Monte, futuros ídolos atleticanos. Amizade que, certa vez, o livrou de um linchamento. Cansada de seus gols e provocações, a torcida emplumada resolveu acertar as contas com ele. Pra salvar sua pele, os dois amigos tiveram que abrigá-lo em seu próprio vestiário, no Estádio Antônio Carlos, até que a turba se dispersasse.

Abelardo era comparado a Heleno de Freitas pelos gols, pelo capricho no visual e, sobretudo, pela personalidade forte. Rapaz de “boa família”, como se dizia na época, estudava, freqüentava o Minas Tênis Clube e não tinha vida boêmia como a maior parte de seus companheiros de time. E gostava de falar o que “lhe dava na telha“. Exigia o respeito de treinadores, dirigentes e jornalistas, algo incomum em seu tempo.

Em sua primeira passagem pelo Cruzeiro, Abelardo jogou entre setembro de 1946 e fevereiro de 1949. Foi reserva de todas as posições do ataque até Niginho se aposentar. Em 1948, foi o grande nome do Campeonato Mineiro. Ele se lembra até dos torcedores: “Felício e Furletti eram torcedores de arquibancada. Por ser menor, nossa torcida era muito fanática. Tinha que ter muita coragem pra enfrentar desafios, mesmo em jogos em nosso estádio quando os atleticanos eram maioria.”

Em fevereiro de 1949, Abelardo transferiu-se para o Palmeiras. Em 1951, quando Niginho foi treinar o Santos, mandou buscá-lo no Parque Antártica. Em sua estréia na Vila Belmiro, reencontrou o zagueiro Murilo Silva, que havia trocado o Atlético-MG pelo Corinthians. O Santos venceu por 1 x 0. Gol do Flecha Azul. No final do jogo, Murilo desabafou: “Saí de Minas pra ficar livre de você e olha você aí, de novo, me amolando!”

Em 1952, o presidente José Greco e o diretor de futebol, Natalino Triginelli, foram buscá-lo pra reanimar a torcida celeste, cansada de maus resultados. Mas não foi uma boa temporada. O time era muito fraco e Abelardo não brilhou.

Frustrado, ele deu um tempo na carreira. Só voltou, meses depois, no América. Passou pouco tempo na Alamenda e mudou-se para o Sete de Setembro, em 1956. No clube do Horto, conquistou o Torneio Oscar Paschoal. Nessa época, o futebol já não era profissão. Aprovado num concurso para Fiscal de Rendas, Abelardo podia viver sem o dinheiro do esporte.

Mas faltava-lhe um título oficial na carreira. Niginho cuidou do assunto. Contratado pelo presidente, Antonino Pontes, e pelo diretor de futebol, Felício Brandi, o treinador buscou seu artilheiro no Horto. Abelardo ajudou o Cruzeiro a sair da fila de 14 anos (o título de 1956 fôra dividido com o rival no tapetão) e, no ano seguinte, encerrou a carreira. Em suas três passagens pelo Barro Preto, vestiu a azul-estrelada 157 vezes e marcou 86 gols.

Abelardo jamais foi esquecido. Nem com o fim da carreira, deixou de ser abordado por torcedores nas ruas. Todos querendo ouvir histórias do tempo em que ele penetrava na defesa rival como flecha, dos gols, das comemorações debochadas, das brigas, enfim, do fogaréu que ele ateava no clássico.

* Fonte: Páginas Heróicas, vol.3




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Segue matéria retirada do blog Futebol de Todos os Tempos

O Craque disse e eu anotei - ABELARDO
O nosso blog tem procurado através das entrevistas com ex jogadores, resgatar ao maximo a historia do nosso futebol. São autenticas oportunidades para que possamos conhecer melhor aqueles que fizeram o espetaculo dentro de campo. Aqueles que construiram a grandeza de nossos clubes, que deram o seu melhor para alcançar os titulos que ficaram na memoria.
A entrevista desta semana é exatamente um retrato fiel disto. Abelardo, o "Flecha Azul" é certamente um dos jogadores do Palestra/Cruzeiro mais antigos e ainda vivo.
Uma historia que tive o prazer de registra-la pois ele começou sua carreira logo após a segunda guerra em 1946 e jogou ao lado de Niginho e contra Leonidas da Silva. Portanto é a essencia da historia do futebol.

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1) FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Como foi seu inicio no futebol?
ABELARDO – Eu estudava em um seminário em Cachoeiro do Campo. Lá nós jogávamos no campeonato interno , time de atleticanos e dos cruzeirenses. Tinha muita gente boa lá. O Carlaile e
o Zé do Monte eram meus colegas e estudavam lá também. Eles jogavam no time do Atlético.
Um dia o Alcides (ex ponta esquerda ) me viu jogando e me chamou para um teste no Cruzeiro.



 2) FTT - O senhor  fez parte de um dos maiores ataques da historia do Cruzeiro. Orlando Fantoni, Ismael, Niginho e Alcides. Na época o senhor ainda era um reserva que entrava no decorrer das partidas. Foi  um ataque poderoso não ?
ABELARDO - Foi. O Orlando era mais corredor. O Alcides chutava muito bem e o Ismael era muito técnico e depois acabou indo para o Vasco. Eu era reserva mas entrava nos jogos. Niginho era o craque do time.
 (para se ter ideia, todos os 5 jogadores deste ataque estão entre os 21 maiores artilheiros da historia do clube)


3) FTT - O senhor jogou com Niginho em 46 e 47. Ele era mesmo um fora de serie?
ABELARDO - Nossa senhora. Niginho era jogador de Copa do Mundo. Ele chutava bem e cabeceava melhor ainda. Era um monstro em campo. Artilheiro mesmo e sempre nos demos bem . Ele gostava de mim.

4) FTT - Niginho é até hoje o terceiro maior artilheiro do Cruzeiro. Só perde para Tostão e Dirceu Lopes. Na época a torcida reconhecia nele este grande idolo?
ABELARDO -  Puxa vida. Niginho era o “bam bam bam” na cidade. Todo mundo conhecia o Niginho. Onde Niginho ia dava aquele alvoroço. Era jogador que já tinha ido a Copa do Mundo e um grande artilheiro.


5) FTT - E o Alcides. Ele até o surgimento de Joãozinho sempre foi eleito como o maior ponta esquerda da historia do clube por antigos torcedores? Era mesmo um craque? 
ABELARDO - Craque não.  Alcides sempre foi muito veloz. Ele jogava a bola na frente e era difícil do lateral segura-lo. Chutava muito bem. Ele tinha o apoio do Nogueirinha que lançava bola pra ele toda hora.

6) FTT - O senhor que viu os dois em ação quem foi melhor, Alcides ou Joãozinho?
ABELARDO - Os dois foram muito bons . O Joãozinho era craque , bem mais técnico mas o Alcides fazia muitos gols.
(Alcides é o oitavo maior artilheiro do clube com 144 gols e Joãozinho o nono com 118 gols.)

6) FTT - Então em 1948 Niginho inicia sua carreira de treinador e o senhor assume a sua vaga definitivamente. No primeiro campeonato jogando como titular e a artilharia do mineiro com 18 gols. Era a consagração?
ABELARDO - Ah foi. Niginho foi meu técnico e eu titular no seu lugar. Fiz gol de todo jeito. Eu era muito franzino e rápido e dava trabalho para os meus marcadores.



7) FTT - Neste ano o Cruzeiro fez dois jogos na fase final do mineiro contra o Atletico. Um venceu no estadio do Barro Preto por 1x0 com um gol seu. Depois jogaram no estadio do America na Alameda e o placar ficou em 2x2 com mais dois gols seus. O senhor se recorda destes jogos?
ABELARDO – Eu sempre joguei bem contra o Atlético. Eles tinham até arrepio de mim (risos).
Eu era amigo da maior parte dos jogadores deles e teve um jogo que a bola ficou limpa pra mim e eu falei   pro Kafunga escolher qual canto ele queria que eu chutasse . Falava pra ele: escolhe rapido Kafunga, escolhe....(risos) .O Kafunga as vezes ficava bravo falando que eu estava querendo fazer o nome em cima dele

Abelardo contra o Atletico, sempre grandes apresentações. Alto e franzino subia muito para cabecear.

8)FTT – E o Kafunga era mesmo um bom goleiro ou é mais historia?
ABELARDO – Não é historia não. Ele era muito bom. Era muito técnico. Voava nas bolas com facilidade.

 FTT - E o Atlético tinha também o Mão de Onça.
ABELARDO – É tinha , mas o Kafunha era muito melhor. Mais técnico .

9) FTT - O Atletico tinha um grande time nesta época. Kafunga, Murilo, Ramos, Mexicano, Zé do Monte, Carango, Lucas,Tião, Carlaile, Alvinho e Nivio. Foi um dos melhores times do Galo em todos os tempos?
ABELARDO – Foi um dos melhores. Eram sempre jogos difíceis.

10) FTT - Quais jogadores te impressionavam mais neste time do Atletico?
ABELARDO - O Zé do Monte, Murilo e Carlaile.

11) FTT - E seus duelos com o Murilo.
ABELARDO – Eram disputados. O Murilo era um cara muito educado um senhor zagueiro. Jogamos muitas vezes um contra o outro aqui (em BH) e depois a gente se encontrou em São Paulo. Primeiro eu no Palmeiras e depois  no Santos. Ele jogava no Corinthians.

Abelardo o Flecha Azul fez 82 gols com a camisa azul do Cruzeiro.

12) FTT - O Cruzeiro ia jogar em Lourdes , o Atletico no Barro Preto alem do America na Alameda. Como eram os clássicos nesta epoca?
ABELARDO – Eram jogos muito duros. Eu sempre fazia gols no Atlético e teve uma vez que meus amigos de escola (Carlaile e Ze do Monte) me deram cobertura lá porque a torcida estava brava comigo e queria me pegar.

 13) FTT - Estamos falando da rivalidade entre Cruzeiro e Atletico mas o America tinha um time muito forte nesta época tambem .
ABELARDO - Tinha um time muito bom. Tinha jogadores experientes e bons de bola.


14) FTT - Foram campeões em 48 com jogadores como Lusitano, Lazzaroti, Petronio, Negrinhão e o argentino Valsechi. Mereceram o titulo?
ABELARDO - Acho que mereceram. Nosso time também era bom mas eles eram mais experientes e acabaram vencendo. Valsechi era muito bom jogador e o Lazzarotti marcava muito bem.

ABELARDO VAI PARA O PALMEIRAS E EXCURSIONA A EUROPA EM 1949


15) FTT - Em 1949 o senhor se transferiu para o Palmeiras. Como foi esta transferencia?
ABELARDO - Eu fui vendido muito novo ainda (na época Abelardo tinha 22 anos)

16) FTT - E pegou um timaço. O Palmeiras de Oberdan Cattani, Waldemar Fiume, Sarno, Turcão, Jair Rosa Pinto, Canhotinho e Lima.
ABELARDO - É tinha o Oberdan , o Waldemar, este era um craque. O Eduardo Lima já estava mais velho mas ainda jogava certinho. Ele falava pra gente “quero ver vocês chegarem onde eu cheguei”. Tinha o Jair Rosa Pinto cracaço. Nossa que bomba que ele tinha. Uma perninha curtinha mas chutava muito forte.  O Canhotinho que driblava demais

17) FTT - E logo de cara voces foram fazer a primeira excursão do clube a Europa. Como foi esta viagem?
ABELARDO - Fomos jogar na Espanha, no aniversario do Barcelona. Jogamos tambem contra o Atletico de Madrid.
18) FTT - Como foi ser campeão paulista em 1950?
ABELARDO – Eu joguei em poucos jogos pois era reserva e entrava nas partidas mas fiquei muito feliz. Eu revezava com o Aquiles.

19) FTT - A final foi contra um grande time. O São Paulo de Mauro; Bauer, Rui e Noronha, Friaça e Teixeirinha. Foi um jogo muito dificil? (1x1)
ABELARDO – Nossa este time do São Paulo tinha muito conjunto. Os caras jogavam certinho , acertados um com os outros. Parecia uma maquina certinha. E eu joguei contra o Leonidas tambem. Teve um jogo que fiquei no banco e no outro eu estava em campo. Ele era muito chato, reclamava de tudo com os jogadores do time dele. Era medalhão, foi na Copa do Mundo e aí já viu né. Mas jogava muito.
20) FTT - Quanto tempo o senhor ficou no Palmeiras?
ABELARDO – Dois anos.

21) Então o Palmeiras  te emprestou ao Santos.
ABELARDO – Foi. O Niginho era técnico do Santos e pediu minha contratação. Fiquei lá seis meses.

22) FTT – Porque o senhor não ficou mais no Santos?
ABELARDO - Eu já não agüentava mais de saudades de Belo Horizonte. Eu ficava sozinho lá e a saudade apertou. Vim embora então.



23) FTT – Quem tinha neste time do Santos que o senhor se lembra?
ABELARDO – Ahh tinha o Antoninho que jogava muito e o Tite.


20) FTT - Foi então que o Cruzeiro reapareceu na sua vida? O bom filho a casa torna. 
ABELARDO – É eu voltei para o Cruzeiro.Terminei minha carreira com o Niginho sendo meu tecnico.

21) FTT - Porem  a sua volta coincidiu com um dos piores momentos na historia do Cruzeiro e um grande time formado pelo Atletico. Eles acabaram sendo campeões de 1952 a 56. Foi um periodo dificil?
ABELARDO - Foi uma epoca muito difícil. Eles tinham um time muito forte, o Carlaile era jogador da seleção brasileira. O nosso tinha 4 ou 5 bons e o resto era um ajuntamento.


22) Mas o Cruzeiro também tinha o Paulo Florêncio que já tinha feito duas partidas pela seleção na Copa América em 1942.

ABELARDO – Ahh o Paulinho jogava bola. Este foi um dos meus parceiros. O Paulinho recebia um lançamento, olhava para um lado e dominava para o outro desorientando o adversário. Você jogava uma bola no peito dele e ele olhava pra lá e dominava já deixando ela cair pra cá.


Em 2007 o Cruzeiro prestou uma homenagem a alguns dos seus idolos mais antigos ainda vivos. No lançamento da camisa da fundação do Palestra de 1921 e a primeira camisa do Cruzeiro em 1942 estiveram presentes :Nogueirinha, Rizzinho, Abelardo, Paulo Florencio, e Amauri.

27) FTT - Para fechar com chave de ouro , o senhor esteve presente na conquista do bicampeonato do Cruzeiro em 59-60.
ABELARDO – É mas aí eu já estava velho e revezava com outros atacantes. Acaamos ganhando dois campeonatos.
28) FTT – Nesta epoca começou a se montado aquele timaço do Cruzeiro dos anos 60. O senhor jogou com Amaury, Hilton Oliveira, William e Procópio.
ABELARDO – Procópio, ahh o Procópio foi meu grande amigo no futebol. Até hoje ele tem uma coisa comigo, um carinho especial. É o maior fã que eu tenho
Time do Cruzeiro campeão de 1960. Este time conquistou o tricampeonato em 59-60-61.  Procopio é o segundo em pé da esqueda para a direita e Amauri o quinto. Agachado segurano o garotinho está Hilton Oliveira.

29) FTT - Aponte os 5 melhores jogadores que viu em campo?
ABELARDO – Niginho, Jair Rosa Pinto, Pelé, Didi, Heleno de Freitas. O Heleno jogava muito bem , ele jogava bonito e era muito vaidoso. O pessoal falava que meu estilo de jogar era parecido com o dele. Não sou eu que falava não viu, eram as pessoas. Ele era muito conversado e quando vinha jogar falava dos lances dele na seleção brasileira. "Você viu aquele lance meu contra o Uruguai? Jogar lá não é pra qualquer um não. " Tinha também o Zizinho , ele era o melhor de todos estes. Zizinho era um cracaço. Foi o maior que eu vi.

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